"Retado", é uma expressão que usamos comumente para... qualificar algo
bom, uma pessoa legal, sabida ou muito ativa. Mas alguns estão aderindo
ao "Arretado", que não é nosso, mas sim, típica dos nossos irmãos
pernambucanos. Já basta ao longo dos tempos nos terem empurrado goela
abaixo nas consoantes, os sons do; "éle, do érre e do éssi", ao invés de
"lê", rê, e si". Isso sem falar da prática dos novelistas de
generalizarem o nosso sotaque que é bem diferente do restante do
nordeste, mas que eles acham que "prás bandas de cá" tudo é a mesma
coisa. Os cariocas nos criticam por acharem que nós agredimos a
fonética, mas não percebem que eles é que são os agressores quando
insistem em fechar o som das letras "E" e "O" tornando-as; "Ê e Ô",
chegando até ao absurdo de pronunciar a
primeira nota da escala musical "DÓ", cujo o som é aberto pela
acentuação aguda, mas que eles a chamam "DÔ", com o som fechado, como se
a palavra tivesse o acento circunflexo sobre a vogal. Eles pronunciam;
"Ôsvaldo, Ôrlando e côração", que nós conhecemos e pronunciamos da forma
correta; "Osvaldo, Orlando e coração", com o som da vogal da primeira
sílaba, aberto, e não fechado. Da mesma forma que pronunciamos aqui no
nordeste Jesus, com o som da letra "e" na primeira sílaba, aberto.
Enquanto no sul, é Jê.
Numa dessas novelas globais, um personagem
criticou o outro pela forma de pronunciar a palavra "cafajeste" com o
som de "i" na sílaba final, e ensinou que o som da vogal da última
sílaba é fechado, ou seja; "cafajestê", e isso é imposição e
desrespeito.
Fico indignado quando ouço um baiano cantar uma
música de origem sulista pronunciando: "Eu preciso dê ti", desprezando o
nosso tão regional "de ti", porque aprendemos na Escola que a letra "e"
não acentuada tem o som de "i".
Eles podem criticar a nossa
forma de falar, mas são eles os donos de um vocabulário redundante,
repleto de gírias e acrescidos daquelas conhecidas sinuosidades sonoras
às palavras e frases.
O grande Luiz Gonzaga na década de 50,
fingindo uma crítica, compôs a música "ABC do Sertão", em cuja letra ele
expressa o som autêntico do abecedário usado pelo povo nordestino. Foi a
maneira que ele encontrou para homenagear e mostrar para o Sul que os
seus conterrâneos tinham uma forma genuína e interessante de falar e que
não era errada.
A música foi composta em parceria com Zé Dantas. Vejam a criatividade da letra: